terça-feira, 14 de maio de 2013

Mostra do Filme Livre 2013 no CCBB-DF


MOSTRA FILME LIVRE 2013

 

Em sua 12ª edição, inicia-se hoje (terça-feira 14/05) a segunda semana da Mostra do Filme Livre 2013, realizada pelo segundo ano consecutivo no Centro Cultural Banco do Brasil-DF, com exibições gratuitas.
 

cineasta mineiro Carlos Alberto Prates Correia

Na primeira semana, a MFL 2013 realizou uma retrospectiva com todos os filmes do diretor homenageado deste ano, o cineasta mineiro Carlos Alberto Prates Correa. Para quem perdeu ou não pode acompanhar, resta a oportunidade de conferir a entrevista com Carlos Alberto presente no catálogo do festival, distribuído gratuitamente na entrada da sala de cinema do CCBB (*importante: verificar a necessidade da troca de ingressos pelo catálogo).
 
 

vinheta "Ser ou não ser Trash?"
 
Para os fãs do cinema de gênero, o destaque desta segunda semana de exibição é a mostra paralela “Ser ou não ser Trash?”, com atenção especial à obra do diretor Rodrigo Aragão (Mangue Negro (2008), A Noite dos Chupacabras (2011) e a estréia de Mar Negro (2013), o último filme do realizador). O cineasta capixaba também ministrará a oficina de “Efeitos Especiais em Maquiagem”.

A mostra segue até o dia 26/05 com a exibição de premiadas produções recentes e de difícil circulação, como As Horas Vulgares (2011, de Rodrigo de Oliveira e Vitor Graize), Balança mas não Cai (2012, de Leonardo Barcelos) e Doméstica (2012, de Gabriel Mascaro) e uma dezena de mostras paralelas (Panoramas Livres, Pílula, Sexuada, Coisas Nossas, Outro Olhar).

Segundo dados do catálogo, para a MFL 2013 foram inscritos 742 filmes, sendo apenas 105 feitos com apoio estatal direto. 22 estados da federação e o Distrito Federal inscreveram projetos na mostra. Mais de 200 filmes foram selecionados para a mostra deste ano, sendo os estados com maior números de representantes o Rio de Janeiro (com 51 filmes), São Paulo (47 filmes), Minas Gerais (21 filmes), Ceará (10 filmes), Bahia (7 filmes) e Pernambuco e Paraná (com 6 filmes cada)

Em 11 edições do evento, o público foi de 47 mil pessoas, com a exibição de mais de 2800 filmes, entre curtas e longas de todos os formatos e gêneros.
 
A programação da mostra em Brasília e outras informações, você confere no site oficial do evento.
E no blog dos curadores da mostra, opiniões e resenhas "não oficiais" dos filmes estão disponíveis. Vale uma conferida.
 
Serviço:
O quê: Mostra do Filme Livre 2013
Quando: de 07 a 26 de maio de 2013
Onde: Centro Cultural Banco do Brasil
Importante: exibições gratuitas.

domingo, 12 de maio de 2013

Debate Cinematográfico: abril 2013

Sai um pouco atrasada esta retrospectiva do debate cinematográfico durante o mês de abril de 2013, mas ainda há tempo de fazer barulho:

OS FILMES MAIS ACLAMADOS DO SÉCULO XXI

Em sua sexta edição, o site australiano mantido por Bill Georgaris, They Shoot Pictures, Dont They? concluiu durante o último mês a publicação da lista dos filmes mais influentes e reverenciados do século XXI. O resultado da lista deste ano calcula os votos da última eleição dos Maiores Filmes de Todos os Tempos promovida ano passado pela revista inglesa Sight & Sound. Pontuação que concede ao ranking de 2013 dos Filmes Mais Aclamados do Século XXI do TSPDT maior relevância devido a amplitude da enquete promovida pela instituição inglesa British Film Institute com mais de 846 críticos, programadores, distribuidores, acadêmicos, escritores e 358 diretores de mais de 73 países.

A edição de 2012 da eleição dos Maiores Filmes de Todos os Tempos da Sight & Sound trouxe como grande novidade a aparição de Um Corpo que Cai (1958, Alfred Hitchcock) na primeira colocação como o favorito entre os críticos e Contos de Tóquio (1953, Yasujiro Ozu)  entre os diretores. Uma surpresa, visto serem estes os primeiros filmes a alterarem o "estado das coisas" desde quando a prestigiosa revista inglesa realizou a primeira eleição em 1952, ano em que Ladrões de Bicicleta (1948, Vittorio de Sica) foi eleito o "maior filme de todos os tempos". As listas conseguintes (realizadas a cada 10 anos: 1962, 1972, 1982 e desde 1992 e 2002 também é feita uma apuração paralela somente com diretores) foram todas unânimes na escolha do filme magno da história do cinema: a produção norte-americana Cidadão Kane (1941, Orson Welles). Talvez ainda seja cedo para sabermos se há algo de "espírito do tempo" na passagem do cedro de Cidadão Kane para Um Corpo que Cai, uma inversão de sinais ou uma mudança de signos.

O Fato é que a eleição ratificou os darlings da produção cinematográfica dos últimos 13 anos. Em especial, Amor à Flor da Pele (2000, Wong Kar-Wai) e Cidade dos Sonhos (2001, David Lynch). Os dois títulos fincaram a terceira e quarta posições, respectivamente, num recorte entre os filmes mais votados produzidos pós-1968. A aparição de dois títulos asiáticos entre os primeiros colocados (além do japonês Contos de Tóquio, primeiro lugar na enquete realizada entre os diretores, a produção do diretor Wong Kar-Wai sediado em Hong Kong, Amor à Flor da Pele foi o filme mais votado do século XXI) estabelece a Ásia como uma terceira potência imperialista cinematográfica ao lado da Europa e da América do Norte. Com diversos focos de produção (Índia, China, Japão, Coréia do Sul, Taiwan, Tailândia, Filipinas, Israel...) e obras de alcance e diálogo mundial e local (e com os olhos do mundo voltados para eles), os asiáticos mostras as garras e cravam a primeira, terceira e quarta colocação no ranking de 2013 dos filmes mais aclamados do século XXI (respectivamente, Amor à Flor da Pele, As Coisas Simples da Vida (2000, Edward Yang) e A Viagem de Chihiro (2001, Hayao Miyazaki).


TOP 10 FILMES MAIS ACLAMADOS DO SÉCULO XXI
01
Amor à Flor da Pele (2000, HK; Wong Kar-Wai)
02
Cidade dos Sonhos (2001, FRA; David Lynch)
03
As Coisas Simples da Vida (2000, TAI; Edward Yang)
04
A Viagem de Chihiro (2001, JAP; Hayao Miyazaki)
05
As Harmonias de Werckmeister (2000, HUN; Béla Tarr)
06
A Árvore da Vida (2011, EUA; Terrence Malick)
07
Sangue Negro (2007, EUA; Paul Thomas Anderson)
08
Cachê (2005, FRA; Michael Haneke)
09
Arca Russa (2002, RUS; Aleksandr Sokurov)
10
Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembrança (2004, EUA; Michel Gondry)

 
A 11ª, 12ª e 13ª colocação na lista geral também pertencem a filmes e diretores asiáticos, respectivamente: Tropical Malady (2004, Apichatpong Weerasethakul), O Tigre e o Dragão (2000, Ang Lee) e Eternamente Sua (2002, Apichatpong Weerasethakul). Mais 30 títulos (entre co-produções e produções originais) compõem o TOP 250.
 
Ainda sobre um mapa geopolítico do cinema, somente 11 produções originais ou co-produções de cineastas latino-americanos marcaram presença na lista. E da África, apenas 03 títulos produzidos neste século foram reverenciados o suficiente para aparecerem: nas 115ª e 116ª posições, respectivamente, Waiting for Happiness (2002), do diretor mauritano Abderrahmane Sissako e Moolaade (2004), do senegalês Ousmane Sembene. E na 239ª posição, outro filme de Abderrahmane Sissako, Bamako (2006). 

Entre nosotros, da edição de 2012 para 2013, os dois títulos latino-americanos mais referenciados trocaram de posições na liderança e vice-liderança do ranking. Enquanto no ano passado o filme mexicano E Sua Mãe Também (2001, Alfonso Cuáron) estava na 11ª colocação na classificação geral, este ano caiu para uma (ainda) respeitosa 28ª. O que faz de Cidade de Deus (2002, Fernando Meirelles) o novo líder latino-americano na memória de um júri formado marjoritariamente por críticos norte-americanos e europeus. Cidade de Deus avançou timidamente da 27ª para a 23ª posição com o resultado da votação na revista Sight & Sound. O mexicano Guillermo del Toro incluiu dois filmes seus na lista, na 50ª e  221ª colocações respectivamente: O Labirinto de Fauno (2006) e A Espinha do Diabo (2001). Outros dois diretores mexicanos aparecem na classificação: Carlos Reygadas (com Luz Silenciosa, de 2007) e Alejandro González Iñárritu (Amores Brutos, de 2000). A diretora argentina Lucrécia Martel consta na lista com três obras: A Mulher sem Cabeça (2008) na 62ª posição, O Pântano (2001) na 67ª e A Menina Santa (2004) na 127ª.

Completam a lista de filmes latino-americanos, dois títulos nunca distribuídos no Brasil (mas disponíveis no mundonet): o documentário Nostalgia da Luz (2010, Patrício Guzmán) na 178ª posição e o argentino La Libertad (2001, Lisandro Alonso) na 245ª.

  
 
CONTRACAMPO #1OO

Na centésima edição da revista online Contracampo (que completará este ano 15 primaveras no ar!) críticos foram convocados e textos foram alinhavados para debaterem a... Crítica cinematográfica. Num tipo de inflexão necessária de tempos em tempos, momentos de repescagem onde não longe, uma espécie de auto-análise selvagem é elaborada. Foi um levantamento interessante, especialmente por três momentos:

O diretor Ricardo Pretti falando sobre suas expectativas em relação a crítica enquanto realizador, nos demonstrando um tipo de diálogo possível no contexto cinéfilo...

http://www.contracampo.com.br/100/artreflexoespretti.htm

O texto do crítico francês Serge Daney fazendo uma reflexão amarga sobre os caminhos da crítica no início dos anos 90 (Daney morreria em 1992). Num tipo de pensamento proveniente de um contexto bem restrito, de um dos nomes de frente da crítica que se queria militante - do fim dos anos 1960 e por boa parte dos anos 1970 - herdeira direta do movimento crítico anterior que havia lançado as bases das Políticas de Autores cinematográficos...

http://www.contracampo.com.br/100/artderrotadopensamento.htm

E pelas respostas ao questionário enviado a alguns críticos, fazendo um balanço interessante das inquietações gerais com representantes das mais diversas defesas de um tipo ideal de cinema...

http://www.contracampo.com.br/100/artenquetecritica.htm
 


MOVIMENTO QUEBRE O BALCÃO - POR UMA POLÍTICA CULTURAL DEMOCRÁTICA EM ALAGOAS
 
Movimento alagoano de cineastas reinvidicam o fim da "política de balcão" que se instaurou no estado e impossibilitou editais de fomento a produção de filmes locais. Segue a introdução da esclarecedora carta aberta destinada ao governo do estado solicitando o fim da prática, com link para o abaixo-assinado. A luta por processos democráticos de financiamento na promoção cinematográfica continua...

 
CARTA ABERTA AO GOVERNO DO ESTADO DE ALAGOAS E À SOCIEDADE
 
Os cineastas de Alagoas divulgam este documento para manifestar sua indignação com o retrocesso do GOVERNO DO ESTADO DE ALAGOAS em sua política de fomento ao setor, que atualmente recua de um processo democrático para aderir à velha política de balcão ao patrocinar diretamente com verba pública um longa-metragem nacional, ao mesmo tempo que alega não possuir recursos nem previsão para lançar o 3º Prêmio de Fomento à Produção Audiovisual em Alagoas, principal e única via de incentivo à cultura através de editais no Estado.
 
Para entender a importância da conquista do edital e os fatos recentes, é preciso uma breve contextualização: em resposta às mobilizações do setor audiovisual, em 2010 e 2011, a Secretaria de Estado da Cultura lançou as duas edições do Prêmio de Fomento à Produção Audiovisual em Alagoas. Durante os dois anos, esse único edital viabilizou a realização de dez curtas-metragens (cinco por edição) com recursos provenientes do Fundo de Desenvolvimento de Ações Culturais (FDAC). Cada filme custou R$ 15 mil na primeira edição, e R$ 20 mil na segunda. Apesar do valor extremamente baixo – um curta profissional custa em média R$ 100 mil –, a iniciativa causou grande impacto no setor, principalmente pelo grande esforço dos cineastas. Os filmes repercutiram bastante junto ao público e à imprensa local, e alguns têm sido selecionados e premiados em festivais locais e nacionais desde então. Toda essa movimentação foi responsável por estimular novos realizadores e aumentar significativamente o número, a qualidade e o acesso às produções culturais realizadas em Alagoas. Diante de um resultado tão significativo, a expectativa era de que, em sua terceira edição, o prêmio tivesse seu valor reajustado para se aproximar da realidade do mercado. O atual secretário de cultura, Osvaldo Viégas, comprometeu-se publicamente, inclusive, com o lançamento da nova edição. No entanto, o que está acontecendo é o contrário.
 
Mesmo com as insistentes pressões da categoria, a 3ª edição do edital de fomento ao audiovisual ainda não tem sequer previsão de sair, sob a alegação de falta de recursos por parte da Secretaria de Cultura. Para nosso assombro, no entanto, descobrimos, através da imprensa, que o documentário nacional de longa-metragem “OLHAR DE NISE”, de direção do alagoano Jorge Oliveira e de Pedro Zoca, recebeu um patrocínio do governo estadual no valor de R$ 200 mil para sua filmagem parcial em Alagoas. Quantia essa suficiente para financiar dez curtas locais (tendo como parâmetro o último edital de 2011). Ainda maior foi o choque ao constatarmos, por meio do Portal da Transparência do Governo do Estado, que a primeira parcela do patrocínio (R$ 150 mil) foi paga em setembro de 2012, justamente com os recursos do Fundo de Desenvolvimento de Ações Culturais - a mesma fonte que financiou as duas primeiras edições do único edital alagoano, e que, naturalmente, seria a provedora de recursos da terceira.
 
Link para a petição pública:
http://www.peticaopublica.com.br/?pi=P2013N39411

O grupo também conta com um canal no Youtube com as manifestações do movimento:
http://www.youtube.com/channel/UCRcp1kGO5eScWkQPvTeH_zg

E uma página no Facebook:
https://www.facebook.com/quebre